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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Era uma vez na Barrinha

Uma amiga ficou durante uns dois anos com um cara bem mais velho que ela. O cara tinha um filho de nove anos e uma ex-mulher com o mesmo nome dela. Minha amiga não dava bola para as saídas do cara, para as chamadas não retornadas, para às vezes que ele trocava o nome dela (e óbvio que não era pelo da ex mulher), pois realmente achava que ele recém tinha saído de um relacionamento e mais tarde iria se render aos seus encantos.

Certa noite, minha amiga estava na casa do cara enquanto ele tomava uma ducha e decidiu dar aquela bisbilhotadinha básica no celular dele. Primeiro, foi nas chamadas. Viu várias vezes o nome "Patrícia" nas não atendidas e, o pior, nas retornadas também. Não satisfeita, foi para as mensagens. Viu várias vezes mensagens de amor e sacanagens entre os dois. E, depois, num surto de loucura, ela abriu o armário do amado, a fim de tirar o porta-retrato com a foto deles de lá e tocar no chão, mas, quando moveu o objeto, viu que atrás tinha outro porta-retrato só que não com a foto dela, mas de outra mulher. Minha amiga disse que só por ter certeza que não era a mulher dele, virou a foto para ver se tinha algo escrito e encontrou (óbvio, pois quem procura acha) a dedicatória: "com amor, Patrícia".

Ela colocou todas as coisas no lugar, se vestiu e saiu da casa do cara jurando vingança.
É óbvio que o mané não entendeu lhufas, quando chegou da ducha e não viu ela em lugar algum. Ligou pra ela muitas e muitas vezes durante a semana e deixou vários recadinhos apaixonados, mas minha amiga nem deu as horas. Ela sabia que eles se encontrariam novamente.
Dito e feito. Depois de uns três meses sem encontrar o ex, minha amiga foi passar o carnaval comigo na Barrinha para não cruzar nem de longe com ele, que tinha casa no Rosa.
Estavámos naquela fase adolescente de cada dia sentar numa roda, conhecer vários gatinhos e rirmos o tempo todo da vida mansa da beira da praia. Até que um dia, esta minha amiga saiu mais branca que mãe da àgua do mar. Ficou atônita, balbuciando umas palavras e, quando eu perguntei o que tinha acontecido, ela só levantou o braço e apontou pro carro dele. Do lado, duas cadeiras, a bóia da criança, um guarda-sol e os dois (o ex e a Patrícia) de mãozinhas andando perto da lagoa.
Ninguém me contou, eu vi saírem faíscas dos olhos da minha amiga que só não deu choque em ninguém porque não conseguia se mexer. Ela me disse o que eu já sabia: "é a Patrícia!". Ele me paaaga!
Quando ouvi aquilo da boca dela, nem levei fé, afinal era carnaval e meia praia tinha nos convidado para participar dos aqueces que rolariam antes da festa. Mas, minha amiga era tinhosa. Ela ficou escondidinha na praia até o cara ir embora só pra ver onde ele estava hospedado e quando descobriu que era numa casinha atrás da minha, ficou uma arara.
Eu não tinha entendido tanta histeria, mas daí, ela me contou que ele tinha ligado uma semana antes pra saber o que ela iria fazer no carnaval e ela disse que ía pra minha casa na Barrinha.
Meu Deus! O cara é louco, pensei. Que babaca!
Eu odeio ser cúmplice de coisas perversas, mas, pô, a guria era muito minha amiga e aquele cafajeste otário merecia uma lição. Eu e ela esperamos anoitecer (em plena primeira noite de carnaval) pegamos duas facas bem afiadas e fomos pé por pé até o pátio da casa dele. Quase hesitei em ajudar, mas quando vi na internet que a previsão era de chuva, decidi cumprir minha tarefa. Aos poucos, fui me aproximando do carro e me certificando que não tinha ninguém por perto. Cheguei na parte frontal do veículo e hesitei em cortar os pneus dianteiros. Para não quebrar a promessa que tinha feito de ajudar minha amiga, tirei as bolinhas que seguram o ar e forcei os pneus para que esvaziassem. Eu tava morrendo de medo que nos pegassem ou que minha mãe desse falta das facas.
Olhei pra minha amiga para apressá-la e ela tava esmagando os pneus traseiros com um ódio tão grande que só vi igual nos olhos dos psicopatas cinematográficos. Juro que achei engraçado, mas fiquei com um certo medo dela. Os pobres pneus ficaram em frangalhos. Nós fomos para casa, largamos as facas e, para não levantar suspeitas, fomos para os aqueces que meia praia tinha nos convidado.
No meio do caminho, começou a cair uma chuva torrencial que só parou no último dia de Carnaval.
Toda praia ficou com àgua e lama por tudo e os poucos carros que se arriscavam a sair de casa, atolavam.
Depois de tanta zoeira, eu até tinha me esquecido da nossa trravessura, quando a minha amiga me chamou na varanda e disse: agora, quero só ver ele sair dali.
O carro do ex estava com a parte traseira atolada no lodo e a tal Patrícia, toda suja de barro, estava do lado direito dizendo que tinha que trabalhar no outro dia.
Cheguei a sentir o gostinho de vingança quando o cara olhou pra minha amiga e ela disse: ah, não se preocupem, são dois pneus! Me olhou e deu uma piscadela.
O carro do cara ficou ornamentando os fundos da minha casa (que era o começo do pátio do vizinho), pelo menos, mais uns três dias. A gente viu quando a tal Patrícia saiu de mochilinha pra pegar o ônibus na faixa e o guincho foi buscar o carro.

Bjo, bjo, bjo.
LG

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